segunda-feira, abril 05, 2010

Adelar


Uma das melhores sensações ao se fazer um filme é quando você está na edição e se dá conta que todo o trabalho valeu a pena. Acho que essa é a cachaça do cinema. Aquele friozinho no coração que te faz querer mais e mais.
Este relato é porque eu estou aqui, há um mês (inlcuindo finais de semana e feriados) editando o meu primeiro longa metragem, um documentário musical sobre uma das figuras lendárias da música do Rio Grande do Sul. Foram três anos acompanhando a vida de Adelar Bertussi. Dezenas de horas de imagens gravadas em incontáveis diárias, distribuídas nas quatro estações e com equipamentos e equipes diferentes.
O tempo passou rápido e a gente acaba com muito material, como sempre. Músicas, entrevistas, imagens, documentos, fotografias velhas... Como compilar tudo isso?
Depois de um bom tempo de trabalho em equipe, decidi dispensar o editor (Samuel Bovo, meu fiel escudeiro) e tomar as rédeas do trabalho até conseguir me encontrar dentro de tanta coisa.
Só depois de estar sozinho na ilha de edição é que eu finalmente consegui imergir no documentário. E então me dei conta que desejo mostrar o Adelar para os fãs mais fiéis, mas ao mesmo tempo acho que posso despertar um sentimento sincero naquelas pessoas que nunca ouviram falar dele ou que, assim como eu, não possuem nenhuma relação ou gosto pela música regional do sul. Porque o Adelar é um gênio da música, sim. Mas acima de tudo, é um ser humano com uma história incrível.
Eu me conheço. Na edição eu passo por fases. A primeira é de desespero total. Depois normalmente vem uma sensação de alívio. Agora estou vivendo a fase da paixão. Sim. Estou apaixonado por este filme. Mas sei que, quando eu apresetá-lo pela primeira vez, vou ver milhões de coisas que poderiam ter sido melhores. O bom é que a gente sempre tem o próximo filme para tentar evoluir. Artisticamente e tecnicamente. E ter de novo aquela sensação de que tudo vale a pena.